Livestock Research for Rural Development 18 (6) 2006 | Guidelines to authors | LRRD News | Citation of this paper |
Objetivou-se avaliar os efeitos de diferentes suplementações quanto ao parâmetro idade a puberdade em novilhas de corte. Foram utilizadas 300 fêmeas bovinas, da raça Nelore, com idade média de sete meses e peso médio inicial de 186 kg, manejadas sob pastejo contínuo em cinco piquetes formados com capim Brachiaria brizantha Hochst. Stapf, em sistema rotacionado com troca a cada 15 dias. Foram fornecidos suplementos a cinco grupos, constituindo os tratamentos: Sal mineralizado com 30% de uréia (SMU) na quantidade de 0,05% do peso vivo; suplemento mineralizado com uréia (SMUC) na quantidade de 0,05% do peso vivo adicionado de 1 kg de caroço de algodão; suplemento mineralizado com proteína (SMP) na quantidade de 0,1% do peso vivo; suplemento mineralizado com proteína acrescido monensina sódica (SMPM), na quantidade de 0,1% do peso vivo e concentrado (CONC) na quantidade de 1% do peso vivo durante todo o período. O delineamento adotado foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos, 60 repetições, sendo a unidade experimental representada por cada animal.
Observou-se diferença significativa (P<0,05) no ganho de peso médio diário, ganho médio de peso total e para a pontuação da avaliação dos ovários. O comportamento do tratamento CONC representou, de forma isolada, melhores respostas em relação aos demais tratamentos propostos. Isto pode ser justificado pelo fato desta suplementação apresentar em sua formulação mais energia, proteína e minerais e de um equilíbrio entre os nutrientes. Conclui-se que o fornecimento de suplementação completa resultou em melhores respostas às variáveis estudadas.
Palavras-chaves: Desempenho animal, Nelore, nutrição, reprodução, suplemento.
This research aimed to evaluate the effects of different mineral supplements in relation to the age at puberty in beef heifers. Three hundred bovine females of the Nelore breed were used, with a mean age of seven months and mean initial weight of 186 kg, managed under continuous grazing in five paddocks established with Brachiaria brizantha Hochst. Stapf grass, on a rotation system with changes every 15 days. Supplements were provided to five groups, consisting of the following treatments: mineralized salt with 30% urea (SMU) at the rate of 0.05% live weight; mineralized supplement with urea (SMUC) at the rate of 0.05% live weight, plus 1 kg/day cottonseed; mineralized supplement with protein (SMP) at the rate of 0.1% live weight; mineralized supplement with protein and sodium monensin (SMPM) at the rate of 0.1% live weight; and concentrate (CONC) at the rate of 1% live weight during the entire period. A completely randomized design was adopted, with five treatments and 60 replicates; each animal represented one experimental unit.
Significant differences (P<0.05) were observed for mean daily weight gain, mean total weight gain, and ovary evaluation score. The behavior of the CONC treatment represented better responses in relation to the other treatments.
It is concluded that the administration of complete supplementation resulted in better responses to the variables under study.
Key words: Animal performance, Nelore, nutrition, reproduction, supplement
A reprodução e a nutrição são dois aspectos primordiais na bovinocultura, pois representam de uma forma geral o lucro e o custo, respectivamente. Dessa forma, busca-se antecipar ao máximo a fase reprodutiva dos animais objetivando um giro acelerado do capital investido. Por outro lado, a nutrição representa importante fator tanto como meio de produção, quanto no aspecto fisiológico, podendo contribuir de forma positiva ou mesmo negativa quando manejada de forma incorreta.
Inúmeros fatores influenciam o desenvolvimento reprodutivo em novilhas de corte, dentre os quais destaca-se a má nutrição, retardando o estabelecimento da puberdade conforme descritos por Hafez and Jainudeen (1995) e Stabenfeldt and Edqvist (1996). Para Hess (2002), a puberdade em novilhas de uma forma geral, é determinada pela genética e por diversos fatores ambientais (nutrição e estação do ano). Hafez and Jainudeen (1995) cita que em geral, qualquer fator que diminua a taxa de crescimento, impedindo assim a expressão de todo o potencial genético, atrasa a puberdade. Acrescenta ainda que a forma mais simples sobre como a genética influencia a puberdade é comparar a idade média à puberdade entre as diversas raças de uma mesma espécie, como o seguinte exemplo: a idade à puberdade em bovinos europeus de aptidão leiteira varia de oito a 11 meses, dez a 15 meses nos bovinos de aptidão para corte e 17 a 27 meses nos bovinos zebuínos. A idade ao primeiro parto registradas para os rebanhos nacionais, segundo um coletânia de dados publicados por vários autores e adaptado por Najera (1990) descreve valores médios de para raça nelore de 43,48 meses, guzerá de 43,12 meses, indubrazil de 47,49 meses e da raça gir de 48,16 meses.
Outro aspecto valioso no que concerne à precocidade animal está relacionado ao fato de que animais precoces terem uma vida reprodutiva maior, o que resulta conseqüentemente em maior produção de bezerros e menor taxa de descarte de vacas, gerando uma rentabilidade maior na atividade.
De acordo com Pereira (2000), grande parte do rebanho bovino brasileiro é constituída de fêmeas jovens de um a três anos de idade. Conforme Fries (1998), para cada 1000 vacas em produção existem cerca de 800 em recria, o que representa de pelo menos a metade da área ocupada por esses animais. Conseqüentemente, a quantidade de área e custo de mantença na recria de fêmeas são consideráveis.
Segundo Pereira (2000), a formação de fêmeas para reposição representa um momento crítico na bovinocultura de corte, na qual cita-se que a idade média ao primeiro parto, no Brasil, está acima de 40 meses de idade, sendo atribuída como principal causa a essa situação, a alimentação inadequada. A baixa produção de forrageiras durante o inverno, na região Centro-Oeste, tem sido apontada como um dos fatores que mais contribui para a baixa produtividade dos rebanhos (Bressan et al 1999). Assim sendo, a estacionalidade na produção de forragens, devido ao manejo adotado, vem dificultando a viabilidade econômica da atividade pecuária.
Segundo Santos et al. (2004) ao longo do ano, ocorrem oscilações na produtividade, sendo a primavera e o verão, as estações de alta produção forrageira, enquanto que no outono e no inverno, a produção de forrageiras reduz em aproximadamente 80%. Estas variações, no sistema extensivo de criação, influenciam o desenvolvimento dos animais contribuindo para que o crescimento ponderal oscile entre ganho, mantença e perda. Nestas épocas, a qualidade da forragem varia, havendo a necessidade de adotar a suplementação como estratégia. Segundo Galati and Ezequiel (2004), o bovino necessita consumir na dieta em torno de 7% de proteína bruta para que a atividade microbiana e fermentativa que ocorrem no rúmen sejam mantidas. Caso isto não ocorra, tem-se como conseqüência uma queda no consumo, na digestão da forragem e diminuição no desempenho animal. Assim, a suplementação de animais em pastejo, com suplementos mineralizados protéico ou protéico energético durante a época de baixa disponibilidade de forragem, têm como objetivo auxiliar no atendimento da exigência mínima de proteína bruta no rúmen além de fornecer minerais como cálcio, fósforo, magnésio, sódio, cobre e zinco, dentre outros.
Em muitos sistemas de produção de ruminantes, que tem como base o uso de pastagens, os nutrientes suplementares são necessários para se obter níveis aceitáveis de desempenho animal. Um desafio constante é predizer com eficiência o impacto que a suplementação terá no desempenho animal. Uma estratégia de suplementação adequada seria aquela destinada a maximizar o consumo e a digestibilidade da forragem disponível. Contudo, deve-se ter em mente que o suplemento não deve fornecer nutrientes além das exigências dos animais, Patterson et al. (1994). O objetivo do presente trabalho foi de avaliar o efeito de suplementação mineral com uréia, suplementação mineral com proteína verdadeira, suplementação mineral com proteína verdadeira e ionóforo e concentrado protéico/energético quanto ao parâmetro idade à puberdade em novilhas Nelore.
O experimento foi realizado na Fazenda Bandeirantes, localizada no município de Sandolândia - TO, no período de 26 de junho de 2003 a 30 de abril de 2004.
A precipitação pluviométrica foi de 169,79 mm de média durante o período experimental, com ciclos bem definidos, sendo os meses de verão quentes e chuvosos e os de inverno com temperaturas moderadas, mas bastante secos.
Foram utilizadas 300 fêmeas bovinas, da raça Nelore, com idade média de sete meses e peso médio inicial de 186 kg. Os animais, após período de adaptação de 30 dias, foram manejados sob pastejo contínuo em cinco piquetes formados com capim Braquiarão (Brachiaria brizantha Hochst. Stapf), em sistema rotacionado com troca a cada 15 dias, tendo livre acesso às suplementações. O fornecimento dos suplementos ocorria diariamente no período da manhã, em cochos descobertos, conforme cada tratamento proposto. O manejo sanitário dos animais constou de vacinação contra, aftosa e clostridioses e desverminação estratégica.
Em cada grupo foram colocados dois touros da raça Nelore, com o intuito de promover indução precoce do cio e fecundarem as fêmeas aptas à reprodução, permanecendo juntos às mesmas ao longo do período experimental.
O delineamento adotado foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos, 60 repetições, sendo a unidade experimental representada por cada animal, escolhidos de forma aleatória, objetivando prevalecer a homogeneidade entre os mesmos. Em seguida foram distribuídos conforme esquema abaixo:
▪ O grupo I recebeu sal mineralizado com 30% de uréia (SMU) na quantidade de 0,05% do peso vivo.
▪ O grupo II recebeu suplemento mineralizado com uréia (SMUC) na quantidade de 0,05% do peso vivo adicionado de 1 kg/d de caroço de algodão.
▪ O grupo III recebeu suplemento mineralizado com proteína (SMP) na quantidade de 0,1% do peso vivo.
▪ O grupo IV recebeu suplemento mineralizado com proteína acrescido monensina sódica (SMPM), na quantidade de 0,1% do peso vivo.
▪ Para o grupo V, foi fornecida concentrado (CONC) na quantidade de 1% do peso vivo durante todo o período.
As composições de cada suplemento utilizado estão dispostas na Tabela 1.
Tabela 1. Composição e níveis de garantia dos suplementos e ração |
|||||
Composição |
Níveis de Garantia |
||||
SMU |
SMUC* |
SMPM |
SMP |
CONC** |
|
Proteína bruta (Máx.), % |
56 |
22 |
53 |
53 |
18 |
NDT, % |
- |
80 |
- |
- |
72 |
EE, % |
- |
12 |
- |
- |
2,5 |
FB, % |
- |
15 |
- |
- |
7 |
N.N.P |
90g |
- |
- |
- |
- |
Cálcio |
79g |
0,25% |
50g |
50g |
1,3% |
Fósforo |
40g |
0,59% |
30mg |
30mg |
0,65% |
Sódio |
131g |
- |
37g |
37g |
- |
Magnésio |
22g |
- |
- |
- |
0,30mg |
Enxofre |
19,60g |
- |
20g |
20g |
- |
Zinco |
2.370mg |
- |
1.051mg |
1.051mg |
75mg |
Cobre |
575mg |
- |
500g |
500g |
20mg |
Manganês |
- |
- |
153g |
153g |
49mg |
Cobalto |
16mg |
- |
30g |
30g |
0,60mg |
Iodo |
47mg |
- |
53mg |
53mg |
1mg |
Selênio |
22,50mg |
- |
5mg |
5mg |
0,16mg |
Flúor (Máx.) |
400mg |
- |
300g |
300g |
- |
Monensina sódica |
- |
- |
600mg |
- |
- |
*SMUC Caroço de algodão utilizado em associação com sal mineralizado
com uréia. |
As pesagens, sem jejum prévio dos animais foram realizadas em períodos irregulares, considerando a época do ano e desempenho dos animais no período e também em função do manejo.
A avaliação reprodutiva, realizada no mês de março de 2004, foi efetuada por meio de exame ginecológico utilizando palpação transretal. Foram avaliados os seguintes parâmetros:
A - Tamanho de ovário
B - Textura do ovário
Foi proposto neste estudo uma escala de pontuação para variáveis útero e ovário considerando o tamanho e a textura baseando-se nas descrições de Hafez and Jainudeen (1995) e Stabenfeldt and Edqvist (1996) para facilitar a análise estatística dos parâmetros ginecológicos, conforme demonstrado na tabela 2 abaixo:
Tabela 2. Pontuação das variáveis ginecológicas |
|
Variáveis ginecológicas |
Pontuação |
Ovário pequeno e liso |
0 |
Ovário normal e liso |
0,5 |
Ovário funcional com CA |
1,0 |
Presença de CL ou FL |
3,0 |
Presença de CL ou FL + prenhes positiva |
7,0 |
Os animais ao serem avaliados recebiam as respectivas notas, que eram somadas. Quanto maior a pontuação melhor estado reprodutivo.
Para análise estatística, os dados foram apresentados como médias e as diferenças, entre os tratamentos, detectadas por meio da análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de Tukey, ao nível de significância (P<0,05) (Sokal and Rohlf 1981), com auxílio do programa: Sistema de Análise Estatísticas e Genéticas - SAEG (Ribeiro Júnior 2001).
Conforme a Tabela 3, verifica-se que o tratamento CONC representou, de forma isolada, melhor média para ganho de peso total e ganho de peso médio diário em relação aos demais tratamentos propostos.
Tabela 3. Médias do ganho de peso diário (GMD) e do ganho de peso total (GPT) dos animais (kg) |
|
|||||
Parâmetros |
Tratamentos |
|||||
CONC |
SMPM |
SMP |
SMUC |
SMU |
||
GMD |
0,459a |
0,329b |
0,308bc |
0,299c |
0,281c |
|
GPT |
117a |
83,9b |
78,4b |
76,4c |
71,8c |
|
*Valores seguidos por mesma letra na mesma linha não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05) |
|
Isto pode ser justificado pelo fato desta suplementação ter sido elaborada de forma mais completa, no que diz respeito à proteína e energia, conforme demonstra o Tabela 1. Dessa forma, ficou assegurada uma melhor condição ao desenvolvimento dos animais desse grupo. Segundo Zervoudakis et al. (2002) o uso de concentrado e sal mineral na suplementação de novilhas (CONC), pode proporcionar 30% a mais no ganho médio diário dos animais, quando comparados entre si. Os autores atribuíram tal diferença ao fato de que o maior consumo de proteína e a maior proporção de amônia ruminal ocasionou maior digestão da forragem pelos microrganismos ruminais, propiciando conseqüentemente maior consumo de forragem pelos animais suplementados, quando comparado ao desempenho dos animais testemunha que receberam sal mineral.
Em relação aos tratamentos com sal e uréia, foi observada diferença significativa no ganho médio diário e ganho de peso total dos animais que receberam SMPM em relação aos que receberam SMU e SMUC a despeito do resultado encontrado por Goodrich et al. (1984), que não acharam efeitos notáveis sobre o ganho de peso de animais tratados com monensina.
A ação da monensina se verifica através dos seguintes processos: modificação da produção de ácidos graxos voláteis, ingestão de alimentos, digestibilidade dos alimentos, utilização das proteínas, enchimento e taxa de passagem no rúmem entre outros. Para Machado and Madeira (1990), o uso de ionóforos (monensina sódica) adicionado em suplementos é justificado pelo fato de provocar alteração na população microbiana do rúmem. Assim, obtém-se uma modificação no padrão de fermentação dos alimentos originando produtos utilizados com maior eficiência ou que alteram o perfil hormonal dos animais, conduzindo os nutrientes para fins produtivos. Conseqüentemente, a disponibilidade de nutrientes para o animal estará aumentada favorecendo o ganho de peso do mesmo. Kone et al. (1989) avaliaram os efeitos da monensina in vitro e in vivo e observaram uma significativa redução na relação acetato/propionato. Bines and Hart (1984) relataram que o aumento na taxa de propionato acarreta um aumento na secreção de insulina que, conforme Exton (1979) é a responsável pelo estímulo da lipogênese e conseqüentemente pela engorda dos animais.
Os resultados (Tabela 3) para ganhos médio diário encontrado para a suplementação mineral protéica foram superiores aos verificados por Paulino (1999) que suplementou novilhos Nelore durante o período da seca com mistura de minerais e fubá de milho, minerais e milho desintegrado com palhas e sabugo e minerais com farelo de trigo.
As figuras, 1 e 2 ilustram o comportamento do ganho de peso total e ganho médio diário, respectivamente. Na figura 2 verifica-se que o ganho médio diário foi menor no mês de setembro. Este comportamento pode ser atribuído a possíveis falhas no arraçoamento devido ao fato da troca de tratadores, durante este período. Nesta mesma figura, nota-se também um decréscimo do ganho médio diário a partir do mês de janeiro, que pode ser atribuído à ingestão inadequada das suplementações, em função das perdas de suplemento ocorridas, em virtude dos cochos serem descobertos, durante o período chuvoso.
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Figura 1. Ganho de peso total (GPT) dos animais submetidos a diferentes suplementações.
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Figura 2. Ganho de peso médio diário (GMD) dos animais submetidos a diferentes suplementações. |
Os dados médios da avaliação dos ovários para cada tratamento estão dispostos na figura 3.
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Figura 3. Média da avaliação dos ovários, em novilhas Nelore, suplementadas com diferentes tratamentos |
A média de pontos alcançada pelo tratamento CONC foi superior as médias atingidas pelos demais tratamentos (P<0,05) conforme apresentado na Tabela 4 a seguir:
Tabela 4. Médias de pontos da variável ovário |
|||||
Parâmetro |
Tratamentos |
||||
CONC |
SMP |
SMPM |
SMUC |
SMU |
|
Médias de Pontos |
2,30a |
1,25b |
1,06bc |
0,750bc |
0,545c |
*Valores seguidos por mesma letra na mesma linha não diferem estatisticamente (P>0,05) pelo teste de Tukey |
Pelos resultados encontrados, entende-se que o CONC foi o suplemento mais completo uma vez que contém em sua formulação mais energia, proteína e minerais, ao contrário dos demais suplementos que apresentam restrição quanto a alguns nutrientes de forma quantitativa ou mesmo qualitativa. Assim, as novilhas alocadas no tratamento CONC apresentaram melhores atividades ovarianas Tabela 4.
Segundo Hafez and Jainudeen (1995), uma nutrição inadequada promove redução no cio por depressão na atividade ovariana causada pela inibição da liberação pulsátil de LH (hormônio luteinizante) e isto ocorre com mais freqüência em fêmeas jovens em crescimento do que em adultas, provavelmente devido ao desvio de nutrientes que é maior nesta categoria. A ausência de ciclo reprodutivo impede que seja liberado o FSH (Hormônio Folículo Estimulante) pelo hipotálamo. O hipotálamo responde a um adequado índice de condição corporal do animal, como também, níveis de nutrientes no organismo, principalmente energia, que representam reservas nutricionais.
Dentre os possíveis fatores nutricionais capazes de afetar o crescimento folicular pode-se citar: teor de proteína da dieta (Garcia-Bojalil et al 1994), nível de vitamina A (Shaw et al., 1995), teor de gordura (Thomas et al 1997), condição corporal e o nível de energia na dieta (Nolan et al 1998; O'Callaghan and Boland 1999; Yaakub et al 1999; O'Callaghan et al2000). Assim, o desenvolvimento corporal, via ganho de peso, e uma adequada absorção de energia resultaram em estabelecimento dos ciclos estrais regulares no lote suplementado com concentrado (CONC), Tabela 3.
O hipotálamo, ao detectar que as condições internas e externas do animal, estão adequadas, estabelece o ciclo estral regular através da liberação de GnRH ( Hormônio Liberador de Gonadotrofina), que promove a liberação de FSH pela adeno-hipófise, e este determina o desenvolvimento folicular. O desenvolvimento folicular resulta em produção de estrógeno, que determina as características sexuais primárias e secundárias, inibe a liberação de FSH e estimula a liberação pulsátil de LH (Hafez and Jainudeen 1995).
Para McClure (1972), a hipoglicemia resultante da subnutrição severa e por longo período de tempo deprime a atividade nervosa com redução na secreção de GnRH pelo hipotálamo e menor atividade ovariana. De acordo com McCann and Hansel (1986), durante o jejum crônico o nível sanguíneo de glicose pode reduzir, devido a sua utilização oxidativa pelos tecidos dependentes desta forma de energia, como por exemplo, o sistema nervoso central. Quando o suprimento energético é inadequado, há a presença de corpos cetônicos que promovem a redução na secreção de GnRH e causam uma redução conseqüente na ação ovariana. A utilização da glicose é muitas vezes maior no hipotálamo do que na hipófise, sendo a glicólise importante para a secreção de aminoácidos nesses tecidos para a formação de hormônios peptídeos, justificando desta forma, o nível de energia da suplementação CONC, em relação às demais suplementações.
Constatou-se que o fornecimento de suplementação completa resultou em melhores respostas às variáveis estudadas.
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Received 21 July 2005; Accepted 30 March 2006; Published 22 June 2006